Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, ved:
Na bruxa ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede...”
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo, Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
Augusto dos Anjos
sábado, novembro 27, 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Ainda bem!
A substância e sua essência confusa. Ora quer aparecer e dominar, Muitas vezes se ocultar, disfarçar Convivência fácil. Ou dura. Mais fácil ...
-
No poema que se tem na sequência, verifica-se que o "eu-lírico" não deseja morte, pelo contrário, pois o que se nota é um forte de...
-
Eu sei que estou distante, Que muitas vezes estou ausente. Mas a todo instante Penso em você, constantemente. Eu sumo, desapareço, Não é que...
3 comentários:
ESTE POEMA DE AUGUSTO É A VERDADEIRA IMAGEM DA REALIDADE, SEI DE PESSOAS QUE NÃO TÊM UM PINGO DE CONSCIÊNCIA A PONTO DE ACREDITARÊM QUE CONSIGAM DORMIR.
Não conhecia esse. Augusto dos Anjos é um dos mais sinceros e excêntricos poetas.
Hum.. prefiro os que você escreve...
Postar um comentário