O Morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, ved:
Na bruxa ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede...”
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo, Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
Augusto dos Anjos
Meu Deus! E este morcego! E, agora, ved:
Na bruxa ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede...”
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo, Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
Augusto dos Anjos
Até quando...
Vida corrida, atribulada, ansiedade...
Estamos
sempre procurando o melhor
E
nessa busca, às vezes, somos por demais exagerados
Uns
são demasiadamente egoístas
Outros
muito competitivos
Alguns,
esquecem até mesmo de se divertir
Você
já percebeu, então,
Que
quando digo que se está procurando o melhor
Não
estou dizendo da sua melhor condição física
Do
seu melhor estado de saúde
Espiritual,
psicológico
Da
sua melhor relação com Deus?
Nos
dias de hoje
Procuramos
ser o melhor não para nós mesmo
E
sim, para os outros
A
intenção não é conseguir estar bem consigo mesmo
Apesar
que se conseguimos dar essa impressão para os outros
Provavelmente
sentiremos uma breve sensação de realmente estar bem
É...
Que
vida estranha
Os
valores que deveríamos empregar hoje estão totalmente invertidos
Essa
sociedade capitalista que nos assola
Nos
faz ter cada vez mais uma personalidade destrutiva e reprodutivista
O
conceito do que é melhor que o capitalismo nos faz acreditar
E a
maneira como criamos nossos filhos, para se adequarem a esse mundo
Nos
faz achar que somente seremos bons
Se
tivermos o melhor que se pode comprar
Ou
seja, conseguirmos consumir nesse mundo consumista
O
duro, é fazer com que as pessoas entendam isso
E
consigam se rebelar contra
Ou continuarão
escravos,
Escravos
ideológicos...
Até
quando...?!
Simplicidade da Amizade
A
amizade é a flor mais bela e singela,
É
o encanto de toda a primavera,
É a brisa leve do inverno,
É
o aroma agradável do outono,
É
o sol que nos aquece no verão
E
que ilumina a escuridão.
A amizade
é a rosa sem espinho,
É
paz, é carinho, é a melodia mais completa,
É
sinfonia, é orquestra, é a magia
Do
universo reunido em gestos, palavras e desejos.
É
a união de todas as mentes,
É
a força mais ardente,
É a
chama acesa, é a poesia e sua nobreza.
A amizade
é o ar que respiramos,
É
o amar e os seus encantos,
É
o sorrir e até o chorar, o sentir,
O
vibrar, o estar feliz, é o cantar,
É
o dançar, enfim, é o gostar.
A amizade
é volitar pelo céu azul,
E
ultrapassar o infinito,
Derrubando
barreiras, escalando montes
E
montanhas, é a luz no fim do túnel,
É
a pureza de uma criança, é a simplicidade
Da
natureza, é a obra da beleza.
A
amizade, enfim, é a criação mais digna
E
honrada, é a primazia mais acertada,
É
o sonho inacabado, inigualável,
Indestrutível,
imaginário,
É
a fonte cristalina, é o sorriso de menina,
É
o ser, o estar, o ter e o confiar,
Enfim,
a amizade é viver e amar sempre,
Ultrapassando até mesmo a
eternidade.
Angel
Marie
Que me quereis, perpétuas saudades?
Que me quereis, perpétuas saudades?
Com que esperança inda me enganais?
Que o tempo que se vai não torna mais,
E se torna, não tornam as idades.
Razão é já, ó anos, que vos vades,
Porque estes tão ligeiros que passais,
Nem todos pera um gosto são iguais,
Nem sempre são conformes as vontades.
Aquilo a que já quis é tão mudado,
Que quase é outra cousa, porque os dias
Têm o primeiro gosto já danado.
Esperanças de novas alegrias
Não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado,
Que do contentamento são espias.
Luís de Cãmoes
Com que esperança inda me enganais?
Que o tempo que se vai não torna mais,
E se torna, não tornam as idades.
Razão é já, ó anos, que vos vades,
Porque estes tão ligeiros que passais,
Nem todos pera um gosto são iguais,
Nem sempre são conformes as vontades.
Aquilo a que já quis é tão mudado,
Que quase é outra cousa, porque os dias
Têm o primeiro gosto já danado.
Esperanças de novas alegrias
Não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado,
Que do contentamento são espias.
Luís de Cãmoes
Capítulos
A vida é repleta de episódios
E nem sempre são como desejamos
Não podemos evita-los
Quem bom se fosse como uma novela
Onde cada capítulo fosse feito
Já pensando num final feliz
Mas a vida não é assim
Dificuldade da vida
São provações a superar
Mas arrumar força de lutar
Não é fácil
Deus nos guia e nos guarda
Se for pra arrumar força
Que seja nele
Não é mais fácil
É mais recompensador
Falar de Deus
Quem sou
Não sei Sei que preciso dele
Pois ele é o autor
Da vida que não é novela
E que o futuro são capítulos
Criados por nos mesmos
Com os ensinamentos Dele.
Everton Gomes da Cunha
E nem sempre são como desejamos
Não podemos evita-los
Quem bom se fosse como uma novela
Onde cada capítulo fosse feito
Já pensando num final feliz
Mas a vida não é assim
Dificuldade da vida
São provações a superar
Mas arrumar força de lutar
Não é fácil
Deus nos guia e nos guarda
Se for pra arrumar força
Que seja nele
Não é mais fácil
É mais recompensador
Falar de Deus
Quem sou
Não sei Sei que preciso dele
Pois ele é o autor
Da vida que não é novela
E que o futuro são capítulos
Criados por nos mesmos
Com os ensinamentos Dele.
Everton Gomes da Cunha
Retribuição
Como é bom sentir o seu passar,
E tão fácil me acostumar com sua presença,
Que a sua ausência consegue me aliviar,
E insanamente agradecer quando vai, sem licença.
Se acaso permanecesse sempre,
Faria parte de tudo, seria essencial.
E a dor que há quando não está presente,
Reafirma a certeza de que é especial
Mas como tudo na vida, as coisas vêm e passam,
Sempre existem os que mais tempo ficam.
E aqueles que vão rápido e marcam
Mesmo deixando feridas, tonificam.
Há coisas que são feitas de pequenas doses.
É dessa maneira que a vida é construída.
Se tivesse em grande quantidade, teria psicoses,
E não sentiria que a sua ausência é retribuída.
Everton Gomes da Cunha
A Espantosa Realidade das Cousas
A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
Basta existir para se ser completo.
Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais. naturalmente.
Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.
Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.
Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.
Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;
Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo,
Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar;
Porque o penso sem pensamentos
Porque o digo como as minhas palavras o dizem.
Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.
Fernando Pessoa, pseudônimo Alberto Caeiro.
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
Basta existir para se ser completo.
Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais. naturalmente.
Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.
Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.
Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.
Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;
Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo,
Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar;
Porque o penso sem pensamentos
Porque o digo como as minhas palavras o dizem.
Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.
Fernando Pessoa, pseudônimo Alberto Caeiro.
Como se constrói o amor?
As grandes ações são tão valorizadas
E recebem tanto reconhecimento
Que muitos querem tomar atitudes idealizadas
Fazer algo maior que o pensamento.
Enganam-se os que não entendem o que é grande
Que buscam somente um momento de satisfação
Algo grande pode até ser insignificante
Se pequenas coisas não tiverem também a sua expressão.
Essa compreensão é importante para entender o amor:
Uma atitude simples, um abraço, um sorriso, um aperto de mão
É mais resistente do que algo grande, mas que é sem teor
Nunca é esquecido, pois entra e nunca mais sai do coração.
Portanto, chega de tentar desvendar esse sentimento.
Atente-se para os pequenos detalhes da vida
E deixe de construir monumentos
Quando as minúcias é que nunca serão esquecidas
Everton Gomes da Cunha
E recebem tanto reconhecimento
Que muitos querem tomar atitudes idealizadas
Fazer algo maior que o pensamento.
Enganam-se os que não entendem o que é grande
Que buscam somente um momento de satisfação
Algo grande pode até ser insignificante
Se pequenas coisas não tiverem também a sua expressão.
Essa compreensão é importante para entender o amor:
Uma atitude simples, um abraço, um sorriso, um aperto de mão
É mais resistente do que algo grande, mas que é sem teor
Nunca é esquecido, pois entra e nunca mais sai do coração.
Portanto, chega de tentar desvendar esse sentimento.
Atente-se para os pequenos detalhes da vida
E deixe de construir monumentos
Quando as minúcias é que nunca serão esquecidas
Everton Gomes da Cunha
A Batida
O som, o toque, a harmonia
A batida perfeita
Que torna uma música bela
Que encanta o coração
E alivia a alma
A letra somente tem sentido
Se o toque for harmonioso.
E a batida mais importante
precisa desse compasso
Ou padece.
Buscamos essa música
Ao longo de nossas vidas.
Muitas melodias tentam ocupar esse lugar,
Querendo ser a trilha sonora.
Mas as notas devem ser sempre as mesmas.
Por mais que sigamos as mais novas,
Queremos voltar a cantar a música.
E não adianta procurar em outros discos
Eles podem até ser mais modernos
Mas não possuem notas que embalam.
Everton
A batida perfeita
Que torna uma música bela
Que encanta o coração
E alivia a alma
A letra somente tem sentido
Se o toque for harmonioso.
E a batida mais importante
precisa desse compasso
Ou padece.
Buscamos essa música
Ao longo de nossas vidas.
Muitas melodias tentam ocupar esse lugar,
Querendo ser a trilha sonora.
Mas as notas devem ser sempre as mesmas.
Por mais que sigamos as mais novas,
Queremos voltar a cantar a música.
E não adianta procurar em outros discos
Eles podem até ser mais modernos
Mas não possuem notas que embalam.
Everton
OS DEGRAUS
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo..
Mário Quintana
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo..
Mário Quintana
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